30 de novembro de 2012

tudo definido

por Jéfferson Veloso

cuidado: sorrir é contagioso. Envenene-se disso.

aquelas piadas,
aqueles amores,
aquelas lembranças,
aquelas amizades,
aquelas cócegas,
aquelas pessoas...
tudo aquilo me causa a sensação de felicidade
tornam um simples momento em todo o porquê do meu sentimento nobre
sem precisar definir
apenas sentir

definir sentimentos, nomeá-los
tudo perda de tempo
sentimento vem do sentir
então sinta-se à vontade.

defina felicidade, e tudo a deixarás de senti-la
sinta.

26 de novembro de 2012

uma questão de opinião

por Jéfferson Veloso.


Então tá.
Você nasce, e uma civilização inteira te molda com suas regras e costumes para nos "educar", ensinando seus princípios básicos da ética, no entendimento deles. Uma civilização que passar por cima de quem tentar criar um novo ideal ou uma nova organização, que trata como loucos aqueles que têm opinião própria formada. Isso se chama medo, e o medo nos destrói.
Destroi por dentro. 
Por fora.
E nos mantêm presos num quartinho chamado "Padrão da sociedade", que nos faz pensar que somente dessa forma pode-se viver bem.
Mas....
De que realmente vale ter uma boa vida?
De que vale crescer na vida?
Qual é a definição de crescer na vida? Fazer uma boa graduação em uma boa faculdade? Conseguir um bom emprego em uma grande empresa de sucesso? 
Se existe resposta para tais perguntas é devido a uma base sustentada pelo que uma sociedade ensinou.
PADRÃO=PRISÃO
E acaba virando apenas mais um boneco baseado na opinião dos outros.
O tempo passa. A vida está acabando.
Todos nós estamos morrendo.
A cada segundo, uma parte de você morre. E a cada segundo outra parte nasce. Mas chegará o dia em que as partes apenas morrerão sem vida para substituir.
"Faça isso"
"Não coma isso"
"Vista isso"
"Trabalhe"
"Pague o dízimo"
"Tire a roupa"
"Obedeça"
"Pague o dízimo"
Depois, morra.
Vida boa, né?
(pessimista demais isso, né?)
Mas a morte é bela demais para que apressemos sua chegada. Deixe apenas chegar.
E quando seus momentos finais chegarem, pense em tudo que viver. Melhor, pense em tudo que poderia viver, tudo que poderia aprender, mas estava ocupado demais se preocupando em  chegar no horário em seu trabalho, para ganhar seu salário, para assim comprar coisas que a mídia impôs que você precisa na sua vida.
Molde a sua vida da forma que você acha certo, antes que alguém te transforme em um boneco.
É carne, osso, coração batendo e cabeça pensante.






... então, esqueça tudo o que leu agora e vá ser feliz enquanto pode.

23 de novembro de 2012

existencialismo pacato

por Jéfferson Veloso



Liberdade não existe.
Não existe por estarmos presos em um modo vida criado por outras pessoas que definiram um certo significado para viver bem em sociedade.
Basicamente poderia haver liberdade se não houvesse liberdade. Porque, para existir a liberdade, deve haver seu oposto, que é a prisão, e é isso que torna tudo equilibrado nesse modo de vida. Aliás, tudo que existe tem seu oposto, talvez não com o intuito de haver um equilíbrio, mas pelo fato de terem criado um certo padrão para todas as coisas, fazendo assim, criar um termo concreto a uma derivada coisa ou derivado momento devido a uma junção de fatores não vivenciados, e sim, baseados em pensamentos lógicos já feitos perante o assunto.
Mas não estamos presos por falta de opção. 

Estamos presos por acharmos que estamos livres. Ou por pura falta de vontade de pensar com a dúvida: será que é só essa a melhor forma de viver bem com os outros? Será que estamos realmente bem vivendo dessa forma? E esse jeito de viver "bem" em sociedade é realmente bom?

Ingênuo é aquele que diz que sim.
O simples fato de dizerem "o que EU vou ganhar fazendo isso?" a uma determinada feita nos faz mesquinhos e egoístas, porque ninguém pensa em fazer mais nada pensando no benefício da sociedade em geral, e sim no benefício próprio.

Talvez não precisemos seguir um mesmo caminho, um mesmo sistema. Talvez precisemos apenas pensar em fazer o bem, sem temer a quem. Causaria uma boa repercussão no futuro
O mundo tornou-se uma mera bagunça por tentarmos organizá-lo demais.

21 de novembro de 2012

desordem e regresso


Dizem que brasileiro só sabe reclamar. Então me diz: elogiar o quê? Pra falar a verdade, nem do povo se pode falar bem mais, já que entraram no comodismo e baseiam-se no "jeitinho brasileiro" de ser. Na boa, se o país está ruim como estamos vendo hoje, é porque ninguém mais está nas ruas para reclamar, ninguém quer buscar mais seus direitos de uma forma mais direta. Estão apenas preocupados com o dinheiro que vai cair na conta, se vai sobrar um pouquinho pra comprar aquele sapato que é lançamento, ou apenas fica parado ali no sofá largado, assistindo sua novela, esperando algo acontecer do nada. E o governo? O governo só quer saber de aproveitar dessa conformidade em que vivemos para passarem por cima da lei e alavancar em seu próprio progresso, o que indica, proporcionalmente, no regresso do país. Como acreditar no futuro de um país em que os governantes se preocupam mais com o auxilio-terno do que com o salário do professor? Como acreditar no futuro de um país em que um pênalti perdido vira mais notícia do que parlamentares saindo nas ruas com dinheiro público no cú?
Cadê toda aquela energia dos caras-pintadas saindo nas ruas, reivindicando seus direitos? A união de várias opiniões em prol de melhorias, isso é um povo, isso é democracia. A democracia (se é que isso existe) não é apenas na tecla BRANCO/CORRIGE/CONFIRMA. Ela é contínua. Você(s) manda(m) mais no país do que seu(sua) presidente.
E quando abrirmos os olhos para essa questão, aí sim, pode-se acreditar em um futuro. Um futuro melhor.
Basta apenas abrir os olhos.

Anarquize-se.

inevitável

por Jéfferson Veloso





Um breve momento de vida
Partindo do nada, chegando ao nada
O nascimento é meu ponto de partida
E a morte, meu ponto de chegada.



A vida é o intervalo
Entre os dois pontos do ser
E é nesse pequeno intervalo de tempo
Que busco o meu prazer



E o antes? E o depois?
Nada disso mais importa
Pois é visita se chama "agora"
E está batendo à sua porta


E a morte chegará
Não importa se foi bom ou ruim
Então, não tenha medo
Apenas delicie-se com o fim.



Se é vida em abundância
Porque a morte deve ser o contrário?
A morte é uma certeza
E a vida só nos faz de otário.

15 de novembro de 2012

filosofando sobre loucura

por Jéfferson Veloso.


"Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra."  Friedrich Nietzsche



"A maior loucura da vida é viver." Jéfferson Veloso



"Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura." Aristóteles


"A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia." Michel Foucault


"Quero a certeza dos loucos que brilham. Pois se o louco persistir na sua loucura, acabará sábio." Raul seixas


Todos somos loucos porque todos os dias tentamos encontrar um sentido para a vida. A vida de cada um é um filme diferente, mas o final é sempre o mesmo.

14 de novembro de 2012

Diga à tristeza que não estou

por Bia Sz

Oh tristeza traiçoeira
Porque insiste em me buscar?
Ora pois, tranquei a porta
Só estou com meu pesar

Sou donzela, frágil e bela
Fácil, fácil sinto dor
Sabes disso, então pergunto
Por que queres me expor?

Ouço, sua voz me chama
Sussurrando a me tentar
Nego-te abrigo, vá-se logo!
Não a deixareis entrar

Mas esperta, dá a volta
Na janela a solução
De mansinho entra e envolve
Por completo o coração

E a menina pobrezinha
Sente na alma, a fricção
O encontro destinado
Entre a Tristeza e a Paixão

9 de novembro de 2012

será isso um sentimento?

por Jéfferson Veloso.


Olha,
vou lhe dizer uma coisa,
uma coisa que deveria ter falado há muito tempo
uma coisa óbvia, que está na cara para todo mundo ver.

Eu...
        Eu...
Eu... eu realmente não sei como devo me expressar.
Não quero que esse momento seja uma coisa já feita

Porque o que estou sentindo é novo para mim

E parece ser uma sentimento tão fácil de lidar

A ponto de qualquer um pegar uma folha de papel e escrever algo a respeito.

Mas não

com isso não
quero mais que isso
e é tudo para você.



Você que está sempre do meu lado, até quando não percebo
Você que me ouve, mesmo quando nem sei o que estou falando
Você que me vê, mesmo que eu pareça invisível


Você
que me torna uma pessoa importante a cada segundo


Então agora vou dizer...
Quero que saiba que eu...

Que eu...

Nossa, como é difícil dizer isso!

Está aqui preso na garganta, como um passarinho na gaiola
Está querendo sair, mas alguma coisa impede.


E não sei explicar
Será que eu realmente sinto isso?
Melhor nem responder.


Mas está tudo tão claro em minhas ações perante a ti
tudo tão, tão na cara

Que deriva dessa vontade de te ver sempre bem
Dessa vontade de ser o motivo da sua alegria
Do seu sorriso bobo quando se pega pensando em mim

Quero cuidar de você, 
Quero fazer cada segundo do seu dia ser melhor que o segundo anterior

Quero ser o pensamento do seu despertar até seu doce repouso.


Quero ser tudo isso que você já é para mim!

E quero dizer tudo isso que sinto por você
Mas acho que não precisa

Por quê?

Porque é um sentimento inexplicável
E se existe explicação não é sentimento


Eu apenas sinto
Guardo para mim
E demonstro todos os dias à você


                                                          Só isso.

desculpem o sentimentalismo todo. Enfim.

4 de novembro de 2012

Gotas

     Por Bia Sz



   Ao olhar pela janela e ver os pingos grossos de chuva molharem a vidraça do meu apartamento, pego-me com a necessidade pulsante de escrever.
    Escrever o que quer que seja: um bilhete, um poema, um texto ou um livro. Escrever aquilo que me faça sentir bem, que me realize e que me torne, de alguma forma, importante para quem usufruir de sua leitura.
     Tenho a necessidade de transformar pensamentos em palavras, ideias em aventuras, sentimentos em puro romance. Necessidade de fazer com que o comichão em meus dedos se torne algo concreto, de uma vivacidade intensa, como se ao ler o que se escreve no papel tudo pudesse se tranformar em realidade passível de fazer sentido.
      Ou que não faça sentido algum!
      Fazer-se entendido é algo tão subjetivo quanto o objeto escolhido para a escrita. Tudo depende de uma série de referenciais..
      Pego-me querendo escrever para relaxar, tirar de dentro de mim a sensação de que todos os meus dias são exatamente iguais. Pego-me já escrevendo sob influência de tudo aquilo que um dia me fez chorar um choro tão profundo como a chuva que cai do lado de fora... Sob influência das diversas vezes em que sorri por ver quem amo feliz, ou sem motivação alguma.
       Escrevo porque quero criar fantasias, meu próprio mundo, um lugar em que eu tenho controle sobre todas as situações e pessoas. Um mundo em que cada palavra minha soa com tamanha importância que me sinto como Thoth.
        Escrevo por querer escrever, pura e simplesmente. 
        Por achar que, talvez um dia, eu seja capaz de mudar o mundo.
        Mas sem a pretenção de que seja o mundo inteiro. Quero apenas e tão somente ser capaz de mudar o mundo de alguém.(Quem sabe este alguém seja eu? Não sei dizer... A realidade, neste ponto, não é nada administrável como a escrita).
        Enfim, tenho o desejo latente de criação. Desenvolver histórias, juntar palavras e expressões, de forma que se tornem algo novo e infinito. Desejo de eternizar um simples e cotidiano acontecimento.
         A escrita faz milagres, alguém disse uma vez... O milagre a quem escreve, o milagre a quem a ela se entrega.
           (Deus, salve a Escrita!)
           Olhando novamente pela janela, noto que a chuva passou... E com ela, foi-se o barulhinho agradável que embalava meu escrever.
         Ainda assim, meu coração se aperta por não conseguir sintonia suficiente com meus dedos ao redigir estas poucas palavras simples.
            Ele me diz ainda não ser o suficiente.
            Pego-me, portanto, acalmando-o através destas mesmas palavras. Como um bebê que se vê ninado carinhosamente por quem o ama com profundidade. 
            Pego-me prometendo a ele que pararei apenas por um momento. 
            E que, logo, logo (é uma promessa), tornarei a escrever.

3 de novembro de 2012

são lembranças minhas

por Jéfferson Veloso.

Minha sincera lembrança
Meu mais puro passado
Aquela pequena criança
Com um futuro quase premeditado


Nós, seres humanos, somos fruto derivado daquilo que já vivemos, cada qual com sua história, cada qual com sua maneira de viver.
Lembro-me vagamente de meu passado:
Me lembro de quando eu e minha família morávamos em uma casinha alugada, quase caindo aos pedaços, com dois cômodos, sem banheiro e faltava luz quase todo dia.
Me lembro de ter tomado uma cartela inteira de remédios de cor vermelha a ponto de minha urina sair vermelha também.
Me lembro de quando papai trabalhava de motorista de caminhão numa indústria de laticínios e sempre me chamava de manhãzinha para ir com ele às fazendas para pegar os latões cheios de leite para levá-los à empresa. Eu tirava os latões vazios do caminhão e ele pegava os cheios.
Me lembro que minha mãe começou a dar aulas na Escola Estadual Sebastião Simão de Melo à noite, e tinha que levar eu e minha irmã para a escola, já que papai estudava à noite e não tínhamos dinheiro o suficiente para contratar uma babá. Eles sempre revezavam: no 1º horário eu ficava com mamãe, e Jéssica (minha irmã) ficava com papai, já no 2º horário mudávamos de lugar. Eu e ela éramos sempre o centro das atenções na sala. De um lado, papai não conseguia estudar, do outro, mamãe não conseguia dar aula direito.
Me lembro da primeira vez que meus pais me deram presentes. Como eles mantinham a política presentear na mesma quantidade para ambos os filhos, Jéssica também ganhou. Chapéu de palha, jaquetinha de couro, bolsinha do Mickey, balão em formato de avião. Tudo uma grande maravilha para quem se contentava em brincar com sabugos de milho, dizendo ser seus carrinho de boi.
Me lembro de quando meu pai me levou para dentro da indústria de laticínios, e vi todo o processo de modelagem de queijos, muzarelas e derivados do leite. Desde então, sempre que meu pai estava lá eu ia também, até a empresa falir, já que a Parmalat pagava melhor o litro de leite para os fazendeiros da região, fazendo com que essa empresa falisse devido a não ter mais matéria-prima. Pois é.
Me lembro da época em que saímos dessa casinha alugada e fomos morar na casa onde meus pais moram até hoje. Esse dia, essas singelas 24 horas foram umas das mais gratificantes em minha vida. Vi um sorriso vivo em cada um do 3 integrantes da minha família (4 comigo), não só porque estávamos com melhores condições de vida, mas porque nossa vida já era ótima e desde o momento até então ficaria muito melhor.
Me lembro que mamãe convidou todos os pedreiros que fizeram nossa casa para almoçar quando estavam fazendo a varanda de casa. Nesse dia, tinha um tambor cortado ao meio cheio de água cinzenta devido à mistura de cimento, e os pedreiros, juntamente com papai estavam brincando de jogar essa água um no outro. Eu nem chegava perto. Mas, um certo momento, estava distraído quando me vem por trás um balde cheio dessa água que eles pegaram com o simples intuito de me sujar por inteiro. Chorei, chorei, chorei de molhar o rosto, manchar a camisa e fazer lodo nos pés. Mas foi de susto, por que depois entrei na brincadeira também. Dia simplesmente magnífico.
Me lembro de quando entrei na escola, ou melhor, no Prézinho (hoje chamado de Introdutório). Quase todos os dias eu ficava de castigo no quarto escuro. Lá eu fiz muitos amigos, inclusive um na qual posso chamar hoje de irmão: Rafael de Freitas Mota.
Me lembro de quando eu e Rafael colocamos fogo no campo de futebol de Cana Brava-MG. Era uma época de estiagem e como o campo não é irrigado, secou também. Então eu e ele fizemos uma trilha de grama seca e decidimos colocar fogo nesse grama. De começo o fogo estava apenas na trilha. Depois eu tive que ir pra casa. Quando voltei me deparei com uma cena que não esqueço nunca: o fogo tomando conta do campo todo e Rafael tentando apagá-lo com sua sandália arrebentada. Fiquei estático, nem conseguia me mover para pegar um balde d'água, nada. Rafael me avistou e veio para minha casa se "esconder da polícia". Então ficamos ali, assistindo o fogo tomar conta de metade do campo enquanto minha irmã dizia: "Ráa seu muleques!" Dia bacana, dia bacana.
Me lembro da minha professora da 1ª série ter me deixado de castigo depois da aula até as lágrimas do meu rosto secarem. Quem disse que eu conseguia parar? Mesmo assim, gostava muito dela. Obrigado D. Lucinha.
Na 2ª série minha professora foi a Tia Lia, e ela era tão calma, mas tão calma, que não se preocupava com nada que fizéssemos na aula.
Me lembro de quando fui para a 3ª série e quem dava aula era minha mãe, e sempre foi chamada de Tia Eni. Na escola ela sempre me tratava igual a todos professor/aluno, até o ponto em que começava a fazer bagunça, aí ela voltava a me tratar mãe/filho. Me lembro de um dia, na hora da merenda, eu ter feito algum tipo de molecagem que a fez pegar uma vara da arvorezinha em frente nossa sala e me bater na frente de todo mundo. Ninguém na sala riu, ou muito menos disse um pio. Talvez todos ficaram com medo de acontecer o mesmo com eles, rs. Desde então, passei a ser um aluno exemplar.
Me lembro que tudo que eu e minha irmã fazíamos de errado dentro de casa era motivo para apanhar. Papai sempre nos batia com qualquer artefato que lembrasse chicote: correia (especialmente uma trançada que ele tem até hoje) pedaço de mangueira, fio UHF, etc; tinha até um ritual na hora de bater. Por exemplo: quando eu e minha irmã brigávamos de bater um no outro, papai nos separava, depois, com voz de autoridade nos fazia abraçar, pedir desculpas e dizer que amávamos um ao outro, depois nos dava correadas, e sempre dizia antes quantas correadas iria nos dar. Enquanto chorávamos, contávamos as correadas até acabar. Mamãe era mais radical. Qualquer coisa que estava em sua mão ela jogava na gente: copos, panelas, chaminhas de fogão e se não tinha nada ela descia o braço mesmo. Coisas que hoje em dia não se pode ter mais, devido à lei severa contra maus-tratos com menor incapacitado (acho que é isso). Enfim, agradeço muito por ter sido da época em que pais podiam fazer isso, porque se não o fizesse, talvez eu não fosse o ser humano na qual tenho orgulho de ser hoje.
Me lembro do primeiro carro que compramos: um Monza-89 cinza. Era o Xodó da casa. Nunca deixou de dar problema em nossas viagens. Uma vez o pneu furou na estrada e o step estava no porta-malas debaixo da pilha de bagagens. Forramos um lençol velho no chão do acostamento e fiquei deitado nele, junto com minha irmã, mamãe e todas as malas, até papai conseguir trocar o pneu.
Me lembro lembro de quando caí do banco da igreja e cortei a língua (cicatriz até hoje)
Me lembro de quando fui para a 4ª série, na sala da Kivia Goretti, na qual gostava de ser chamada apenas de Professora Kivia, ou Dona Kivia.
Me lembro do meu primeiro beijo, atrás da da caminhonete que papai tinha depois do Monza-89.
Me lembro do infeliz dia em que tive apendicite. Doía pra caramba. Fui internado e me curaram, graças aos médicos que me tiraram isso antes de infeccionar mais. Hoje a cicatriz, que mais parece uma lagarta adulta, é o que guardo dessa época.
Da primeira festa em que fui. Na época, "Tira a camisa, levanta pro alto e começa a rodar..." era sucesso.
Me lembro da minha primeira transa. E me lembro que não teve nada parecido com esses filmes romântico. Então melhor  deixar só pra mim essa lembrança.
Me lembro do meu primeiro "namoro" sério. Não deu certo.
Me lembro das únicas duas vezes disse um "Eu te amo" sinceramente para uma garota: Maio de 2010 e Agosto de 2012. E posso dizer que eu faria qualquer coisa para deixá-las felizes.
Me lembro da primeira vez que pisei em um palco.
Da primeira vez que ouvi um elogio.
Me lembro de quando minha mãe me contou de seu passado, no qual me faz ter bastante orgulho dela pelo que ela é hoje. O que me faz ter mais orgulho ainda do meu pai, que, segundo a mamãe disse "ele foi a luz no fim do túnel em forma de olhos verdes que apareceu para ela".
Talvez por ser otimista, eu nunca vi dificuldade em minha vida. A falta do bem material era substituído pelo bem emocional que tínhamos e temos um pelo outro dentro de casa.
Me lembro de tudo que me deixa feliz.

Me lembro de muitas outras coisas. Mas são lembranças minhas. Certamente, para um segundo ou terceiro leitor, isso não passa de um simples pedaço de texto. Para mim, isso é um pedaço de uma simples vida. Vida minha, que não trocaria por nada nesse mundo.
Viva sua vida, e faça das suas lembranças uma inspiração para seu futuro.

Evoé.

2 de novembro de 2012

Destinatário: futuro

por Jéfferson Veloso

Querido futuro,

Sou eu, seu passado.

Te escrevo hoje, na esperança que você leia em um futuro talvez distante, depende apenas da sua noção de tempo. Enfim, nesse futuro, eu espero que tenha realizado todas os desejos e sonhos que tenho (ou tive, já que você eu sou apenas parte de sua lembrança). 
Me fale do nosso mundo atualmente? Ainda existe toda aquela rebeldia de sempre? Ou está satisfeito com o mundo em que vive? Espero que não. 
Espero que você, como eu (claro que como eu, né) esteja sempre buscando melhorias, seja na forma de pensar, seja na forma de agir, seja para melhorar mais e mais o mundo que te rodeia. E tomara que assim, o seu tempo seja melhor que o meu. Sempre à luta.


Você lendo isso hoje, me faz tornar seu passado.
Seu passado otimista com o futuro.
Seu passado desejando que você, futuro eu, seja sempre vencedor, e esteja sempre separando todo o seu tempo para o bem próprio e para o bem do próximo.
Espero que os políticos da sua era sejam melhores que os de minha era, e que eles ajudem as nações da forma mais correta possível.
Espero que as religiões da sua era não existam mais, e se existirem, que se tornem apenas uma.
Espero que as pessoas da sua era tenham respeito entre si, abandonando a divisão devido à classe social, religião ou cor de pele.


Espero que a paz da sua era seja realidade, e não apenas uma utopia, na qual me apresento hoje.
Espero que os sonhos da minha era sejam realidade na sua.

Eu, mais do que ninguém, acredito que você pode conseguir isso. Deixo o destino do meu mundo em suas mãos.


PS.: Não se esqueça de ler isso amanhã.
Atenciosamente,
Seu passado.