Os tempos estão negros
A luz que me dava energia
voltou-se contra mim
Transformou minhas ações
em meros descasos e afins
E do nada a luz age assim
Se é sim fala que 'não'
Se é não fala que 'sim'
Me fez sentir culpado
me fez sentir pequeno
Com a ilusão da sua segurança
me fez sentir sereno
Fez-me não sentir nada
Trancou-me no calabouço
E se desfez da maldita entrada
Ficar trancado em si mesmo
é o pior castigo que existe.
Ser escravo da vontade
que a dor da morte antes eu sentisse
Mas nada faria sentido
Se esse dia não existisse.
Foi dentro de minha prisão
que eu descobri
que minha liberdade
era uma doce ilusão
E tudo foi apenas num certo dia.
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Certo dia a gente acorda
com vontade de morrer
Certo dia a gente sonha
sem mesmo saber o por quê
Certo dia, a gente vive
E nem isso a gente vê
O vento leva o que a brisa quer deixar
O sol ilumina o que a nuvem quer escurecer
E a metamorfose contínua
Mata quem quer
Vangloria quem sobra
E a sobra paga o preço
pior de quem morreu
Vivendo na sina
vida que cega
vida que mata
vista que falha.
Vivemos de sonhos
mas o sono está acabando.
O que fazer?
Olhar para o reflexo
inconsciente da alma
e ver que ela tinha
muito a oferecer?
Não,
o melhor é não se arrepender.
Só sei que nada sei
mas consigo tomar a peito
toda essa falta de respeito
da parte da história
daquela pequena pequena trajetória
que apenas ignorei
O Sol se põe mas seu trabalho continua
Ele se esconde na parte de trás da Lua
fazendo assim, da luz do luar
uma moradia perfeita para meu jeito de pensar.
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Se houver alguma dúvida, pergunte ao eclipse. Ele saberá te responder. |
O bom da literatura como um todo é podermos interpretá-la. A beleza desse texto se atrela à sua melancolia. E isso é o que, em parte me possibilitou interpretá-lo tão particularmente.
ResponderExcluirNão quero ser repetitiva, mas não posso deixar de elogiá-lo por este poema, Jéfferson.
:)
Obrigada por escrevê-lo.