1 de agosto de 2013

Ilúdito

por Jéfferson Veloso



Os tempos estão negros
A luz que me dava energia
voltou-se contra mim
Transformou minhas ações
em meros descasos e afins
E do nada a luz age assim
Se é sim  fala que 'não'
Se é não fala que 'sim'
Me fez sentir culpado
me fez sentir pequeno
Com a ilusão da sua segurança
me fez sentir sereno
Fez-me não sentir nada
Trancou-me no calabouço
E se desfez da maldita entrada

Ficar trancado em si mesmo
é o pior castigo que existe.
Ser escravo da vontade
que a dor da morte antes eu sentisse
Mas nada faria sentido
Se esse dia não existisse.

Foi dentro de minha prisão
que eu descobri
que minha liberdade
era uma doce ilusão

E tudo foi apenas num certo dia.

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Certo dia a gente acorda
com vontade de morrer
Certo dia a gente sonha
sem mesmo saber o por quê
Certo dia, a gente vive
E nem isso a gente vê

O vento leva o que a brisa quer deixar
O sol ilumina o que a nuvem quer  escurecer
E a metamorfose contínua
Mata quem quer
Vangloria quem sobra
E a sobra paga o preço
pior de quem morreu
Vivendo na sina
vida que cega
vida que mata
vista que falha.

Vivemos de sonhos
mas o sono está acabando.
O que fazer?
Olhar para o reflexo
inconsciente da alma
e ver que ela tinha
muito a oferecer?
Não,
o melhor é não se arrepender.

Só sei que nada sei
mas consigo tomar a peito
toda essa falta de respeito
da parte da história
daquela pequena pequena trajetória
que apenas ignorei

O Sol se põe mas seu trabalho continua
Ele se esconde na parte de trás da Lua
fazendo assim, da luz do luar
uma moradia perfeita para meu jeito de pensar.

Se houver alguma dúvida, pergunte ao eclipse.
Ele saberá te responder.

Um comentário:

  1. O bom da literatura como um todo é podermos interpretá-la. A beleza desse texto se atrela à sua melancolia. E isso é o que, em parte me possibilitou interpretá-lo tão particularmente.

    Não quero ser repetitiva, mas não posso deixar de elogiá-lo por este poema, Jéfferson.
    :)

    Obrigada por escrevê-lo.

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