2 de junho de 2016

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Adimite-se que a vida é um ponto. Cada um enxerga o seu de acordo com sua percepção, que é afetada por fatores genéticos, históricos,  geográficos, psicológicos... Tal ponto, qualquer que seja, tem o mesmo tamanho se observado de fora, mas visto de dentro ele tende ao infinito. A vida individual, tal como analisada, passa a ser relativamente variável e imutável, tudo ao mesmo tempo. Uma contradição.

Admite-se que a vida é um ponto. Visto de fora da Terra, esse ponto se mostra como um caótico equilíbrio entre as espécies vivas no planeta. Porém, por outra perspectiva a vida consegue ser caracterizada como uma maneira inteligente e acelerada do universo melhorar a si mesmo. É uma questão de tentativa e erro. Se esse processo for consciente, já é uma contradição, pois inicialmente não haveria inteligência consciente sem que houvesse uma outra que a criasse. Se não for consciente, vira uma improbabilidade, já que envolve tomadas de decisões sequenciais e infinitamente improváveis que resultam em uma complexidade assustadora. Pois bem, o conceito de vida se torna uma provável improbabilidade, ou seja, uma contradição.

Adimite-se que a vida é uma contradição. Do ponto de vista lógico, as contradições não deveriam existir, pois não adimite-se que um fato pode conter mais de uma verdade. Um ponto não pode ser um e dois ao mesmo tempo. Entretanto, existe uma diferença enorme entre idealizar que contradições não deveriam existir e observar que, queira a lógica ou não, elas existem e fazem parte daquilo que nos rodeia. Admitir que a visão que temos de um ponto diz muito pouco sobre o ponto e em nada modifica o ponto em si, ou seja, querer estabelecer verdades para o mundo objetivo ajuda bastante a estabelecer conceitos, ciências e regras pra melhor entendimento da enorme complexidade que nos rodeia, mas ao nos limitarmos aos pontos de vista da lógica convencional, estaríamos fechando os olhos para o entendimento e preservação da vida nesse minúsculo e pálido ponto azul.

A percepção humana limita o ponto que chamamos de lógica apenas àquilo que conseguimos observar e/ou reproduzir. O ser humano ainda não admite que seu corpo é capaz de perceber apenas uma parcela dos fenômenos físicos que o rodeia a todo instante, e que enquanto não consegue tecnologia suficiente para ajudá-lo a transpor as limitações naturais do corpo, sua mente altamente imaginativa é a chave para propor diversos pontos de vista imaginativos que mostram os pontos em infinitos ângulos e posições, onde um único ponto poderia ser vários ou nenhum, e assim a vida poderia deixar de ser um ponto e passaria a ser uma linha bidimensional, em seguida um objeto tridimensional...



Por este ponto de vista, a vida não seria um produto do universo, mas sim seu processo mais refinado de descobrir-se, entender-se e evoluir.

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