22 de abril de 2015

Poesia póstuma

Por Jéfferson Veloso


Ao invés de flores brancas
Quero capim no meu caixão
Camisa barata, surrada de antemão
E uma chave amarrada em cordão

Não quero pedir que não chores
Pois a tristeza sim, prevalecerá
Mas o riso surge, mesmo disforme
Serena o coração e o faz acalmar

Olhe em volta, meu amigo
Quanta gente neste velório
Família, amigos e conhecidos
E meu corpo deitado, simplório

Mamãe vai querer rezar
E papai vai acompanhar
Não se assuste nessa prosa
Sou de família religiosa

Pra onde vou?
Confesso que disso eu não sei
Mas lembre-se
Lembre-se de quem fui ou sou
Talvez lá eu estarei

Na caminhada para o enterro
Estranho pode parecer
Mas dizer isso seria um erro
No nosso suposto "último rolê"?

Me enterre em terra molhada
Em túmulo simples e sem concreto
Pois este chão que será meu teto
Terá flores vivas na porta de entrada

Só sei do que sou agora
Pois quando eu era, já não sou mais
Quando serei, só depende da hora
Desse tempo contínuo que se/me desfaz.




Desenhado por Thiago Moreira

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