14 de setembro de 2014

Encantamento


Tempo, tempo, tempo, tempo.

De dentro do peito, um dragão que adormece

Sereno e calmo, embalado pela melodia.
Fica quieto, tão forte e belo, sonhando verdades
Pura fantasia.


Guardião do tesouro, a pedra rubra que naquela caverna
Se esconde.
Seu sono acoberta, quente e com aconchego
O grande mistério que emana daquela fonte.

Enquanto escuta o som onírico
Nada teme, tudo pode
Alegra-se, no sono dos deuses

E deixa até mesmo Baco embriagar-lhe em sua luxuriosa ode.

O relógio quebra.
O silêncio reina.

Num segundo de pura vertigem, o monstro desperta
E a pedra rubra se desprotege.
Fica sem capa, exposta à poeira de todo o ouro que
Ao seu redor acumula.


Os olhos de draco se enchem de lágrimas
Douradas e ferventes, como a forja áurea. 

Sem música enlouquece, de dor se entorpece
Banhando-se em realidade não eloquente. 


Onde está a sua música? 
Onde, a nota musical?
Perdeu-se todo o trilho, a vida descarrilou-se 
Explodiu em pedaços
A pedra filosofal!


O dragão estende suas asas, urra forte e incendeia-se
A si mesmo.
Pinga lágrimas de ouro, tesouro pirata,

Em busca do som que lhe traga
O sono perfeito.


Tempo.


Passa.


Tempo.


Som.



O relógio musical retorna à melodia.
Não é bela.
Dissonante.
Cheia de arranhões e cicatrizes em notas marcantes.

O dragão nota a diferença, mas se aquieta e se apraz.
Melhor uma música estragada do que o silêncio mordaz.


E encobre, com seu corpanzil armado, seu tesouro mais precioso,

Agora quebrado.

O vermelho daquela pedra, antes opaco e rançoso,
Faz que brilha levemente,
Como se nascesse novamente.


E o dragão adormece,
Palpitando de leve,
Sabendo que um dia acordará para o caos.
Mas isso ainda não é o presente.



http://wallpaper.ultradownloads.com.br/172780_Papel-de-Parede-A-Boca-da-Caverna_1600x1200.jpg



Por Bia de SouZa




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