25 de julho de 2014
Veias Abertas
O mundo não se acaba
É panela sem tampa
Horizonte infinito
Que atrai olhares sonhadores
De pernas tão curtas
Como uma mentira mal contada
Mas de sedentos olhos alados
O vento aponta a direção
Nuvens cantam e me encantam
Já não sinto o calor do chão
O chão sou eu, onipresente
Na vibração do pneu
Na turbulência do avião
Na maresia em alto mar
Me misturo
E me enjôo quando paro
Sem o vento na cara
Sem destino
Ao sabor do acaso
Me soltar é me prender
A esse maravilhoso caos
O qual nunca desvendarei por completo
Bem como nunca desistirei de tentar
Pois conhecendo o ar que respiro
Sinto melhor o pulmão que inspira
Conhecendo o mar que navego
Posso construir um barco melhor
Conhecendo essas veias abertas
Posso consertar o que salta no peito
O motor que tira meus pés do chão
Por amor
11 de julho de 2014
Um motel e um dez
Quero te levar em um motel
Engolir a chave
Passar calote
Te trancar entre meus braços
Tingir teus cabelos
De negros
Recitar Wilde
Lembrar Leminski
Pensando em Sartre
Te dar um dez
Jogar na banheiro
Todo meu tesão
Encharcar de doçuras
Teu semblante
Mostrar minha força
Gozar ao mesmo tempo
Com você
Júlia Angardi
10 de julho de 2014
Nunca nenhuma mulher me quis
Nunca nenhuma mulher me quis
Não sei se é pela ingenuidade
Ou pela minha baixa estatura
Fragilidade
Talvez
Por não ter nascido com os olhos verdes
De vovó
Por não falar francês
Ainda
Por não viajar com os amigos
De mochilão
Por sofrer por um quase amor
Por não saber a diferença
Entre um hoje
E um amanhã
Por feder a cigarro
Por não ter religião
Por não ter cor de caixa de papelão
Por preferir cinema a baladas
Regadas
Com gente chata
E cerveja ruim
Por ser babaca depois das 4 da manhã
Por trepar mal
Ou apenas
Não trepar
Nunca nenhuma mulher me quis
No Rio
Ou em Paris
Em Buenos Aires
Só para dançar tango
Nunca nenhuma mulher
Me quis
Mas os meus poemas
Elas querem ouvir
Sempre quiseram
7 de julho de 2014
Um dejá vu, uma foda e meus lábios queimados
Sinto um pouco de ardência
Nos meus lábios
Com teus lábios
Multiplicaram-se
Fui ali na esquina
Tocar uma prosa
Mal musicada
Como nossos corpos
Desalinhados
A plateia do cinema assiste
Rupturas e amarguras
Denunciadas
Bem planejadas
E desnudas
Para quem passasse sentir
O odor do gozo risonho
Projetados para chocar demônios
Não almejo dor
Amor ou travessuras
Fodas terminadas
Ou bem dadas
Me servem como consolo
De uma vida de infelicidade
Ou de um dia cheio de idiotas
O amor é uma coisa banal e ilógica
O amor é uma coisa engraçada
Teu amor era uma coisa meio banal
Em um mês dizia para meio mundo que me amava
Em menos de um mês dizia para outra as mesmas palavras
Depois de um tempo nem quer ver minha cara
Nem pintada de lágrimas
O amor é uma coisa banal
Sem sentido, ilógica
Coisa de gente idiota
Mas eu nunca disse que era esperta
Júlia Angardi
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