19 de junho de 2013

A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio.

Hoje, resolvi escrever algo um pouco menos poético e um pouco mais histórico.

Desde sempre, a história da Filosofia me foi muito fascinante, e são raros os seus pensadores que não me transmitem alguma forma de interesse.

Durante meus estudos universitários, tive a oportunidade de ter várias disciplinas de Filosofia, e numa delas, fui apresentada a uma das obras mais perfeitas, no sentido artístico, filosófico e histórico possíveis, e gostaria de compartilhar um pouquinho dela aqui:

"A Escola de Atenas"


Papa Julio II
Trata-se de um afresco pintado por Rafael Sanzio, pintor do período da Renascença italiana, encomendado pelo Papa Julio II e elaborado entre 1509-1511. Nela, Rafael idealizou um encontro dos filósofos clássicos, numa referência à Academia de Platão. A obra é de uma genialidade impressionante. Não apenas representando os pensadores, Rafael foi capaz de apresentar aos apreciadores da sua obra um resumo de toda a história da Filosofia, através do posicionamento dos representados na pintura. Nada é por acaso. Cada movimento, cada gesto, cada objeto tem o seu propósito e foi obtido após muito estudo. Alguns dos filósofos representados são: 





  • Platão e sua crença na divisão do mundo em Mundo das Ideias (Conhecimento) e Mundo dos Sentidos (Representações). É colocado no centro do afresco, segurando seu famoso livro Timeu, e apontando para o alto, numa representação do Mundo das Ideias; 
  • Aristóteles vem logo ao seu lado, e além de segurar o seu Ética a Nicômaco, aponta para a Terra, numa representação de sua crença no conhecimento metafísico e experimental. Suas feições são uma homenagem a Leonardo da Vinci; 
  • Orfeu, Deus da Música e da Lira, é representado através da Coluna lateral do afresco. A coluna representa metaforicamente o local sob o qual foi construída a Filosofia na antiguidade; 
  • A criança próxima representa Dionísio e o culto a ele (ideia de morte e renascimento);
  • Pitágoras, o famoso matemático, também é representado na obra. Para ele, os números constituem a natureza do mundo, estando no Dualismo a explicação para todas as coisas (Bem/Mal, Belo/Feio...);
  •  Heráclito, que na obra leva o rosto de Michelângelo, representa os Milesianos, que acreditavam que nada pode ser entendido sem o seu oposto. Haveria uma mudança nas coisas, não permanecendo elas como estão. Exemplificavam com a metáfora do rio, que aparenta ser o mesmo, mas suas águas se modificam a todo instante. A postura de Heráclito no afresco demonstra exatamente isso. Até a cintura, parece imóvel, mas a posição de suas pernas indicam movimento; 
  • Parmênides, representando os Eleatas, opostos aos Milesianos. Acreditavam no "Imobilismo". O movimento seria ilusório. Tudo parece estar em movimento, mas permanece constante. A sua postura no afresco é oposta à de Heráclito.


Abaixo, uma imagem mais didática da obra, com referência a estes e outros filósofos clássicos:















1: Zenão de Cítio ou Zenão de Eléia 2: Epicuro 3: desconhecido (acredita-se ser o próprio Rafael)11 4: Anicius Manlius Severinus Boethius ou Anaximandro ou Empédocles 5: Averroes 6: Pitágoras 7: Alcibíades ou Alexandre, o Grande 8: Antístenes ou Xenofonte 9: Raphael,12 13 Fornarina como uma personificação do Amor14 ou ainda Francesco Maria della Rovere 10: Ésquines ou Xenofonte 11: Parménides 12: Sócrates 13: Heráclito (Miguelângelo). 14: Platão segurando o Timeu (Leonardo da Vinci). 15: Aristóteles segurando Ética a Nicômaco 16: Diógenes de Sínope 17: Plotino 18: Euclides ou Arquimedes acompanhado de estudantes (Bramante) 19: Estrabão ou Zoroastro (Baldassare Castiglione ou Pietro Bembo). 20: Ptolomeu
R: Apeles (Rafael). 21: Protogenes.

Este afresco se encontra exposto na Stanza della Segnatura, no Vaticano, local em que se acham os mais famosos afrescos de Rafael.

Stanza della Segnatura, Vaticano.
Sinto pela impossibilidade de se abordar o afresco de maneira mais pormenorizada em um pequeno texto no blog, todavia, creio ser uma obra que deveria ser estudada mais profundamente pelos que virem nela algum interesse. Demonstra não só a genialidade de seu criador, como toda a magnificência da Filosofia ao longo do tempo.









Referências:

Nenhum comentário:

Postar um comentário