15 de março de 2013

Instável.



Olho ao redor, e nada vejo.
Uma sensação vazia me apodera.
O mundo já não mais existe.


Apenas células vivas de uma realidade morta, descolorida.

Tantos desejos, tantos medos...
Fantasmas rondando corpos como abutres em carcaças.

Edificações desestruturadas, organismos acéfalos e desalmados.

Desajustes organizados, padronizados no tempo.
Indiferenças tão à flor da pele
que a pele das flores já se acha murcha e caída numa terra seca e sem dono.

O Vento cessou.
A Luz apagou.
A Lua surgiu, clamando por um uivo de esperança.

Nos becos imundos, só os vestígios de movimento.
Nem mais a Morte sente cheiro de novidade.


E eu, perdido em pensamentos e devaneios,
Me pego inserido numa bolha de vidro
Transparente e negra.

Sem saída
para uma fuga impossível.










Por Bia de SouZa

6 comentários:

  1. Frequentemente me sinto assim. "'Assim', como, Rafael?" Simplismente assim, um sentimento (que como a maioria, pode até ser explicado, mas não entendido, senão sentido) frio, lotado de vazio. Não sei se é exatamente o que sente, mas é bem parecido, isso cabe a interpretação.

    Amei o poema, Bia. Espero que encontre em seus próprios textos o mapa com a saída para tal fuga impossível. Mesmo que seja impossível sair, pode ser que valha a pena procurarmos a saída, talvez o essencial seja encontrado durante a fuga, ou até mesmo seja o próprio caminho pelo qual se foge, apenas a sensação de correr. Enfim, ninguém tem os mapas do caso, né. Parabéns pelo poema, ficou muito foda. (=

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  2. Quando eu comecei a escrever, estava com uma ideia romântica na cabeça. Mas depois da primeira linha, foi como se tudo ficasse sombrio. E tudo o que consegui escrever foi isso aí, rs.

    Quanto à saída, concordo com o que diz. E o caminho é o mais difícil... A saída é uma consequência.

    Obrigada por ter gostado. Ao escrever, você e o Jéff estavam e minha mente. Foi inevitável.

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  3. Então deve ser por isso que eu me senti tão identificado. Não costumo invadir mentes frequentemente, estou meio enferrujado, e quando era mais jovem era mais divertido. Hoje em dia é o Jéfferson que insiste.

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  4. Pois é, é que eu sou meio que um elo entre você e o Jéfferson, aí tenho acesso a coisas que sua vã filosofia não entende! ^^

    Coisas estranhas acontecem... Pode crer.

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  5. "Desajustes organizados, padronizados no tempo.
    Indiferenças tão à flor da pele
    que a pele das flores já se acha murcha e caída numa terra seca e sem dono."

    Que poema maravilhoso!

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    Respostas
    1. Aaaah, Otávio, mas que bom que gostou! ^^
      Fico muito feliz ao ver que tem lido os textos do blog.

      Eu acho que escrevemos com a alma, sabe? Por isso tantas coisas legais são postadas aqui.

      Espero que curta cada dia mais.

      Um beijo, saudades de você!

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