22 de julho de 2015

O Grilo Que Não Louva Ao Sol

          O chorar solitário do grilo noturno faz evaporar a certeza de que a vida é uma brisa fria, um rabisco curto.
          Qualquer vento mais forte e a harmonia dos movimentos da árvore vira um caos, dando fim às vidas quentes das folhas verde-limão. Um pouco mais de força na mão e a ponta do lápis não aguenta a pressão, apagando de vez o futuro rabisco, fazendo-o ponto sem fim. Um final estático.
          O ar parado beira ao imperceptível. É lagarta que não tece casulo; É lápis sem ponta; É o boêmio solitário a clamar seu passado frustrante; É grilo verde-limão que cai em prantos alcoólicos sempre que a escuridão da noite rouba-lhe a cor.


2 comentários: