14 de julho de 2015

Gravidade (Aperto)

          Dizem que estamos a seis apertos de mão de qualquer pessoa no planeta. Qualquer Mohammad no Oriente Médio, qualquer Silva no Brasil, qualquer maluco americano, qualquer músico britânico, qualquer irmão africano... Não importa quem seja, são só seis apertos. Seis pouquíssimos apertos.
          Um aperto de mão é nada mais que uma saudação, um cumprimento simples, rápido, geralmente acompanhado de uma ou duas palavras artificiais, dois olhares tímidos e comportados. Talvez meio sorrisos. É seco e falta calor. Se comparado com um abraço, nem deveria existir.
          Falando neste, o mesmo dispensa apresentações: involuntários, os corpos dialogam com mensagens de calor e conforto. As quatro mãos tem uma superfície, um alicerce, e de repente se tornam pilares. Os corações fazem música. Dois olhares misteriosos que não se comunicam e por um instante se perdem em qualquer ponto. Os sorrisos são largos e saltitantes. Então se tem um cumprimento. Só depois, na sua devida hora e lugar, entram em campo as palavras.
          Digamos então que estamos a apenas seis abraços de qualquer ser humano. São pouquíssimos abraços. Seria um exercício no mínimo curioso poder abraçar qualquer pessoa no mundo. Mas fato é que, mais do que qualquer pessoa nesse minúsculo planeta abraçado por toda essa infinidade de estrelas por todos os lados, sou um cara de sorte. Se eu tivesse seis dedos na mão, não sei quantas vezes eu teria que abrir e fechar até que eu pudesse contar quantos abraços sinceros tenho trocado nos últimos tempos. E não é com qualquer pessoa. São com as melhores pessoas que alguém poderia conhecer. Aquelas com os melhores defeitos, seus misteriosos efeitos em nossos melhores momentos.


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