10 de fevereiro de 2015

Se Ninguém Ganha

Mãos trêmulas esboçam a prece
Para que o amanhã me absolva
Por não ser quem o mundo exige
Por não poder jogar os dados
Das paixões que me rodeiam

Espero que o Sol se vá tranquilo
Que não o culpem quando noite
Do pecado de não pecar
De brilhar sem ofuscar
De ser grande e se esconder
E de negar seu brilho à lua
Quando não puder voltar

Muitos passos não existiram
Vez ou outra, pra trás foram
Para que a estrada não fosse estreita
Pra quem vinha ao meu lado

Muitos prazeres sufocados
Para poupar cicatrizes
Pois o dedo na velha ferida
Dói menos que um novo corte

Sou aquele que quase foi
Está indo e nunca será
Para que as crianças durmam
Perco o sono a vigiar

Que o descanso seja leve
Quando o destino vier cobrar
A palavra que perdeu a hora
A vida que perdeu a rota
Um quase beijo
Sem fruto
Sem futuro


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