4 de março de 2014

Um dia nasceu menina, de pele alva e bonita, uma luz ao amanhecer do dia.

Chamaram-na Bianca, a alva criança cuja vida se iria trilhar em harmonia.

Cresceu tão bela, de cachos fartos, lábios de carne, coração gigante.


Cheia de amor recebido, e distribuído pela vida afora, sem preocupantes, nem como esmola.

Floreceu como rosa, de pétalas grossas, e cheia de um cheiro de enebriar.

Foi cuidada no pé, podada com dedos de seda, setim e veludo, sem ela machucar.

Foi então que notou a presença de espinhos, pequenos e finos, por todo o seu ser.

Percebeu serem eles sua grande defesa, de rara beleza, aos que a quisessem ter.

Um dia decidiu ir além do horizonte, achar o arco-íris de cores além-mar.

Saiu de sua redoma, com vontade e coragem, sabendo que aquilo se chamava amar.

Andou léguas descalça, só com a força que vinha de dentro de seu ser.

Foi então que encontrou o tal pote de ouro, tão reluzente tesouro que a fez estremecer.

Mas o inesperado aconteceu e Bianca ficou branca.

De ouro o pote só tinha a carcaça e sobre os dedos curiosos da menina-moça, jaziam espinhos doces, que mancharam de rubro sua pele-criança.

O tesouro de tamanha realeza era a vida difícil, com toda aspereza, que em sua dócil vivência, ela não conhecia.

Voltou para casa, com mais espinhos que antes, até em demasia, mas sabendo que viveria, ainda que em menor grandeza, a sua humilde realidade.

Sua vida de princesa.
Por Bia de SouZa.

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