4 de setembro de 2013

Lira I


                                 POETA LÍRICO

Como o belo quadro
Posto em desvantagem,
Detrás a tua imagem
Desenha outro quadro.

Se eu venho pintá-lo
Com meus pobres versos,
É pra pendurá-lo
Em meu universo.

De cima lhe desce,
Em tons de dourado,
Cobrindo-lhe a face,
Teu manto sagrado.

Olhando Jesus,
Os olhos cerrados,
Tão tristes, sem luz
Estão sombreados.

Aquele que pode
Perfumes sentir,
A luz desta ode
Está a refletir.

O extremo dos lábios,
Num gesto impreciso,
Esboça sem sábios
Um falso sorriso.

Descendo uma a uma,
Sobre o belo busto,
As contas em bruma
Reluzem de susto.

Impávido o tronco
Exibe o rosário,
Cobiça do bronco
E bravo corsário.

De tão reluzente
Eu vejo teu manto
Do corpo, decente,
Cobrir-lhe de encanto.

Vou teu quadro belo,
Maria tão pura,
Guardá-lo singelo
Na literatura.

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