29 de janeiro de 2013

gotas de Liberdade

por Jéfferson Veloso.


A chuva cai lá fora
e eu aqui trancado em um quarto de apartamento qualquer
dizendo a mim mesmo que estou seguro da maravilha caída do céu.

A chuva cai lá fora
e eu vendo cada gota se escorrer pela janela
imaginando que se tal não existisse
seria em mim que haveria o escorrimento de tamanha beleza.

Lá fora
Eles se protegem
Inexpressivos
Calados
Sugados pelo sentimento de auto-proteção
Alguns procuram abrigo por baixo de telhados ou varandas
Alguns vestem suas armaduras em forma de capa
Outros com seus guarda-chuvas em posição de escudo
Procurando alguma forma de fugir de algo que não veio fazer mal algum.

chuva...

Eles estão tomados por este sentimento ininterrupto de medo
E eu aqui, me apoderando em inspiração
Me perguntando o que estou fazendo do lado de fora da chuva

Da mesma forma que um dia me disseram que ela era a vilã da história
Quero mostrar-lhes que a chuva é a mais bela mocinha
Só esperando alguém para amá-la.
E ela não tem pressa disso
aparecerá sempre que puder,
e, aos poucos, eles irão perceber que ela sempre ficou do nosso lado
E da mesma forma que um chuvisco pode se transformar em tempestade
Nossos sentimentos também podem mudar.

E eu aqui, escrevendo para você
Adorável chuva
Escrevendo para você, enquanto cai aí, do outro lado do vidro da janela
Aqui, trancado
me sinto na dúvida se estou protegido ou preso
dentro deste cubículo de cimento e areia
ao mesmo tempo em que tu cais aí fora
vangloriando sua total liberdade...




-



Se precisarem de algo, me procurem na chuva.
Estarei onde ela estiver.

13 comentários:

  1. Perfeito. A visão - e relação - da chuva como um libertador é sublime, já que a chuva vem para lavar e renovar, o que se encaixa perfeitamente com as proteções ou barreiras que nem percebemos mas que estão lá, sempre e cada vez mais, nos atrapalhando a sentir a chuva. Genial, parabéns brother!

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    1. Criamos muros e grades para nos sentirmos seguros e acabamos construindo nossas próprias prisões. Obrigado!

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    2. "Nas grandes cidades de um país tão surreal
      Os muros e as grades
      Nos protegem de nosso próprio mal."
      - EngHaw

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    3. Muuuito boa essa citaçao. =]

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  2. Acho impressionante como a chuva,alem de ser bela, faz com que criemos tanta coisa bonita. Imagino que a maioria dos poemas devem ter sido escritos quando a chuva caía do lado de fora de nossas casas,ou ate mesmo por cima de nós, encharcando-nos com sua beleza e simplicidade.
    A sua delicadeza e sensibilidade,Jéfferson, em muito o assemelha à chuva...
    E isso faz de você um poeta sublime.
    Parabens.

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    1. Sua teoria se faz verdadeira pelo fato de grandes escritoras como você terem escrito os mais belos textos no cair da chuva.

      São pessoas como você e Rafael que me fazem ter certeza de que não estou sozinho. Estou brincando com vocês, debaixo da chuva.

      Obrigado!

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    2. De maneira alguma vc se acha sozinho. Nao eh atoa que temos este blog apenas como um dos pontinhos em comum.

      De nada.... ^^

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  3. Sugados pelo sentimento de auto-proteção
    Procurando alguma forma de fugir de algo que não veio fazer mal algum
    E eu aqui
    Me perguntando o que estou fazendo do lado de fora da chuva
    E da mesma forma que um chuvisco pode se transformar em tempestade
    Nossos sentimentos também podem mudar
    E eu aqui, escrevendo para você
    Adorável chuva
    me perguntando se estou protegido ou preso
    Escrevendo para você, enquanto cai aí, do outro lado do vidro da janela
    ao mesmo tempo em que tu cai aí fora
    vangloriando sua total liberdade...

    Respondendo a sua pergunta: Não é somente uma crítica a chuva!


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    1. Bem... exatamente isto.
      Gosto de dar sentidos metafóricos aos meus poemas para causar este impacto. Bom, pelo menos é o que eu espero. Que os leitores vão com o pensamento além do texto escrito...

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  4. Concordo com o/a anonimo/a (pela sensibilidade,me parece ser feminina)

    Trata-se de um grito de liberdade. Nao uma critica a chuva,mas um grito preso na garganta, de alguem que se ve rodeado de amarras, e ve a chuva... livre e sem grilhoes.

    A sua sensibilidade muitas vezes vem camuflada nas suas metaforas linguisticas, o que tranforma seus textos em algo ainda mais belo.

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  5. Trata-se de um grito PELA liberdade...

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    1. Me sinto muito feliz por ter direcionado seus pensamentos em sentido à liberdade quanto à minha escrita. Pois é isso que somos. Livres, como a chuva.

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