12 de dezembro de 2012


Loucura/Lucidez

“Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura” Aristóteles


Afinal o que é ser normal?
Há um aparente paradoxo no que tange a conceitos acerca da normalidade.
A loucura ou a lucidez podem ser consideradas como o que beira ou foge aos padrões de comportamento de uma sociedade. O que em minha análise é equivocado, já que esse pensamento induz a reflexão de que tudo o que é comum é normal, além de que só pode ser aplicada a cultura em que se observa. Desta forma comportamentos atípicos inofensivos, são recriminados, e condutas hostis e comuns, são bem aceitas.
Comportamentos fora do padrão são taxados de anormais, mesmo que não atrapalhem a vida alheia, temos hoje o bullying, a homofobia, a xenofobia... Uma série de “fobias”. Já condutas hediondas são socialmente aceitas (ou ignoradas), como a agressão às mulheres pelos seus companheiros, a corrupção (evidenciada pelo “jeitinho brasileiro”), a banalização de valores e atitudes humanas, dentre outros exemplos.
 Somos julgados pelos rótulos, vistos, no mínimo com um pouco de estranheza se não usamos roupas/acessórios da moda, se não gostamos de músicas, filmes, livros, opiniões, religiões, sexualidade, posição, política, cultura, padrões da moda ou momento em que se vive. Além de que o que é normal em uma cultura pode não ser para outra. É o que se pode notar, por exemplo, a estranheza que causa a um brasileiro, entrar em contato pela primeira vez com a cultura hindu, ou índios antropofágicos.
Assim, indivíduos que fogem aos padrões pré-estabelecidos são postos à margem da sociedade. É o que se pode notar através de influentes estudiosos dotados de inteligência ímpar em seu tempo. Quase todos considerados no mínimo atípicos, loucos, simplesmente por fugirem do padrão. Um bom exemplo a ser citado, já na Grécia antiga: Sócrates, que “atormentava” pessoas pelas ruas, fazendo questionamentos que colocavam em dúvida todo o conhecimento que elas julgavam ter sobre o mundo. Este comportamento custou-lhe a vida, sendo obrigado a suicidar-se tomando um cálice de cicuta. Há uma infinidade de exemplos de pessoas que sofreram por sua atipicidade, mesmo que extremamente lúcidas.
No meu entendimento, o significado de normalidade ultrapassa o que é comum...
Quem é tão são para diagnosticar a loucura? O que é o anormal para quem julgamos louco? Deve-se adotar um comportamento somente porque é considerado normal? Deve-se seguir um padrão? Que tal repensar sobre o assunto...Opine!

6 comentários:

  1. Concordo com o que disse. A sociedade considera a loucura de um modo que torna todos nós um pouco loucos, quando na verdade são apenas diferenças de pensamentos ou atitudes. Para mim louco é aquele que diz não ter nenhuma parcela de loucura, ou seja, é uma pessoa moldada, que teve sua natureza modificada pela sociedade para atender às necessidades da mesma.
    Ótimo texto.

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    1. Obrigada, é justamente este tipo de reflexão que quis provocar, afinal quem é o louco de se denominar normal?

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  2. "O ser humano nasce puro, a sociedade que o corrompe." Jean Jacques Rosseau (não me canso de usar essa frase.
    Basicamente, o homem vê determinada coisa como certa ou errada dependendo da forma que sua sociedade vê tal coisa, por fazer parte de um todo. Por isso certas ações transformam-se em paradigmas/clichês, já que foi estipulado padrão à sociedade.
    Adorei o seu modo de opinar, e é essa a intenção do blog: Ter uma opinião própria e coragem/vontade para expressá-la.
    Bem vinda ao todo!

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  3. Já fiz minha crítica particular ao autor, agora vou fazer a pública: ficou foda!
    Pra quem do assunto eu recomendo "O Alienista" de Machado de Assis. (=

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