1 de junho de 2017


Carpe Diem

Stress do dia-a-dia, correria, agitação, problemas pessoais... Esqueça tudo, estou te convidando a pensar sob uma nova perspectiva:


Viagem: já pensou que o modo como somos hoje, o mundo, a consciência que temos de nós mesmos e nossa relação com o mundo é fruto do acaso?  Comecemos pelo início de tudo, uma das maiores inquietações humanas, sobre o começo do mundo e da vida, muitos atribuem um sentido metafísico: Deus(es?). Mas parto de uma visão científica: recombinações ao acaso, erros e acertos e todas as condições que contribuíram para o surgimento da vida na terra... Milhões de anos, milhões de tentativas, e hoje estou aqui com minha consciência, este é o meu mundo.

Entre tantas galáxias, tantos planetas (seria egoísta se não considerasse vida neles), tantas espécies no meu planeta, tantos indivíduos na minha espécie, tanta matéria e energia: sou insignificante.

Às vezes me pego pensando sobre a perfeição das coisas, a perfeita harmonia que faz o mundo funcionar (lógico, fugindo da percepção caótica de problemas da humanidade). Posso comparar a nível microscópico e macroscópico, individual ou universal, como cada elemento tem seu papel e a dependência desses elementos para a minha própria existência. A organização de cada átomo, o papel de cada organela em uma célula, de cada célula em um organismo, de cada sistema em um indivíduo, de cada indivíduo em sua espécie, em seu ecossistema, em nosso planeta por fim.

O que sou agora depende dos eventos que ocorrem em minha vida e a relação com o ambiente e a sociedade, minha personalidade está em constante mudança, a minha genética e vivências me tornaram diferente de qualquer ser no mundo: Nessa perspectiva sou especial.

Gosto de pensar sob essa perspectiva. Que cada indivíduo, cada elemento nesse planeta pode ocasionar mudanças significativas. A vida é bela e estar consciente disso também o é. Estamos sempre buscando significado para tudo... Que tal nos esquecermos por algum tempo de nossas inquietações e incertezas mais profundas e finalmente acordar para o presente e aproveitar esse breve espaço de tempo que é a vida?

31 de maio de 2017

Passagem


É terça-feira​ de outono. Eles avisam que estão na cidade e antes de você decidir se irá ou não recebê-los eles batem três vezes na sua porta de madeira. Sem muita escola você abre e, logo após, a abraça um por um matando a saudade.

Você serve um chá é a conversa flui. Eles te conhecem muito bem e você reconhece todos os rostos, mas eles vestem casacos de pele e cachecóis febris que parecem antecipar a próxima estação.

Após espalharem seus trapos pelos quartos você os convida pra dar uma volta, mas ninguém está muito afim.

"Sábado vamos todos ao clube. Agora senta aí e desce mais uma cerveja!", diz o mais preguiçoso.

Pelo jeito eles vieram pra ficar mais tempo dessa vez. Sete demônios ocupando a sua casa e você demonstra um leve desconforto, mas logo imagina que poderia ser bom fugir um pouco do tédio e então toma mais um gole.

Hoje você dormirá com um deles, o mais belo e tentador, e amanhã sairá pra caçar com o mais forte e inconsequente. Até o dia em que Deus voltará das férias você irá seguir seus instintos saboreando cada momento de prazer.

Quando de fato Ele voltar, você irá jurar que ainda é o mesmo pra Deus e o mundo. Pode até ser que convença seu parceiro ou os seus pais, mas Ele encontrará os trapos fétidos e as garrafas vazias esquecidas na garagem.

Assim que souber da sua sentença você terá frações de segundo para decidir entre seguir viagem atrás dos seus demônios ou receber o castigo divino e pagar pelos seus pecados.

Vez ou outra nossas vidas são feitas de encruzilhadas para as mais diversas escolhas, mas nem sempre a razão está em casa.

Anjo ou demônio? Depende de quem bate na porta.

6 de abril de 2017

Camuflagem

       As páginas em branco da agenda do ano passado levaram para o fundo da gaveta todos aqueles planos que ninguém viu crescer. Lá no fundo fazem companhia ao álbum de fotos empoeirado e incompleto de 2012, com espaços vazios para os registros dos momentos especiais nunca vividos. Nas linhas em branco do diário do ano seguinte, sob o álbum, escondem-se todos os olhares que minhas mãos não souberam descrever. 

       Em meio a bagunça do meu quarto a estante foi a única coisa que permaneceu no lugar desde então. Ali dentro, discreta, camufla-se a terceira gaveta. Raramente a abro e, quando o faço, nunca encontro a mesma coisa. A agenda, o álbum e o diário sempre estão no mesmo lugar, mas os registros ali depositados às vezes me dizem muito mais que o óbvio. Toda vez que visito as páginas em branco, os espaços para fotos e as linhas vazias tenho a sensação de que uma versão de mim se perdeu para sempre. 

       Parece triste e nostálgico pensar assim - e de fato é - mas é também uma forma de me alertar sobre o valor das linhas que escrevo e dos momentos que ando registrando na bagunça da minha cabeça, na gaveta número 3. 

       Quais registros eu quero no velho álbum empoeirado que mostrarei para as visitas? Quais os planos para a agenda da semana que vem? Talvez eu encontre as respostas no futuro, lendo o diário do dia de hoje ou, quem sabe, esta nota. Contudo, como fazem as visitas ao fuçar o álbum de fotos, vou ignorar os espaços vazios.