20 de março de 2015

O desabrochar da rosa


Era um botão de rosa
Fechado e pequeno, sem desabrochar-se
Por assim ser feliz
Mas veio a água da chuva, mostrando-se amiga
Dando amor e possibilidade de aquele botão abrir
Ele sentiu medo, receio do amadurecer
De ser igual a tantos outros botões abertos
Mas apaixonou-se pela água da chuva
Seu carinho tão cálido
E transformou-se na mais bela flor ao amanhecer
Por tempos foi cultivada
E a água da chuva a amou
Mas num dia de sol qualquer
Uma chuva de repente caiu
E aquela linda rosa por fim despedaçou
Ficou ferida, sem pétalas, sem chão
Sentindo-se nua e sem frescor
Até notar em seu caule um pequeno raio de sol
Aquecendo seu interior
Dando-lhe uma direção
A rosa doente se reergueu, mas com medo da natureza
Tinha em si uma dúvida quanto às suas intenções
Mas confiou a sua beleza
Toda a sua renascença
Àquela força sem previsões
Tornou-se a mais bela e rubra rosa
Adorada e venerada
Simplicidade descrita em pétalas aveludadas e enebriantes
Exemplo para botões jovens e inexperientes
Era tão amável e cativante
Que irradiava luz tal qual o astro rei
Amarelo sol brilhante
Foi crescendo nessa rosa
Confiança em si mesma
Em ser bela e consagrada por sua autenticidade
Viu em si uma dádiva natural
Sem mentiras ou falácias
Apenas uma flor
Nova, fresca
Raridade
Acordou um belo dia
E sentiu-se um pouco estranha
Pois não mais se achava em seu jardim
Tinha sido podada
Num frasco colocada
Aprisionada num invólucro carmim
Desesperou-se e chorou, pela primeira vez em tempos
Tentando entender o ocorrido
Foi então que percebeu que o homem ao podá-la era apenas a natureza
Em outra múltipla faceta
Lembrando-a de que
Sua dúvida inicial era tão genuína
Quanto a origem de todo mal
Que a nós rodeia.

Bia de SouZa

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