2 de fevereiro de 2015

Mentes, Coração

Por Rafael Mota e Jefferson Veloso


Num futuro não tão distante
Algum neto de certo ouvirá
De algum velho falante
A estória que seguirá
De dois jovens andantes
Que viviam a sonhar

Sonhos de vida bendita
Mal ditos por terceiros
Mas bem dizia o sábio em Gita
No início, fim e meio:
Somos o amargo da língua
Nas caminhadas noturnas
Sem medo, sem freio

Duas sedentas crianças
Sem saber como crescer
Sem querer entrar na dança
Que todos pareciam saber
Mas criança nunca se cansa
E se arriscaram a viver

Criando histórias daquela certa vez
Que de vez em quando acontece sempre
De dois caminhos distantes
Que se unem mesmo ausentes
Que se separam quando se unem
Unindo passado, futuro e presente
Sintonia de coração e mente

Jovens vidas que se esgotam
Quebrando muros, erguendo pontes
De vigas que homens não notam:
Não se toca o horizonte
Estradas sem chão nem rotas
Paraíso atrás dos montes

Em viagens de toda espécie
Coisas novas aprendiam
Transformando em alicerce
O que plantavam, o que colhiam
Cultivando a velha prece
De que lado a lado correriam

Duas linhas, duas ilhas
Uma delas é sentimento
Verbo solto, irregular
Chamas sólidas ao vento
Adjetivo ultrairmão
Substantivo simples:
Coração

Do outro lado, subsequente
Caminha o louco prudente
Doentiamente são
Descendente do rei Salomão
Aqui se faz, aqui se sente
Corpo nu trajado de mente

Estória gravada nas curvas
Que o vento insiste em fazer
E a brisa por si continua
Em deixar tudo acontecer

Linhas que fazem poesia
Da arte que a amizade cria


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