24 de setembro de 2013

Ol-fato



O cheiro da chuva entra pelo meu nariz e vai se ramificando por todos os meus poros, minhas veias, minhas células, como se capaz fosse de me fazer florescer.


O cheiro de terra molhada me inebria e me hipnotiza, como um pêndulo mágico dos mais eficazes, daqueles dos mais renomados encantadores, repletos de magia e misticismo.


Mas não há terra molhada. A chuva cai sobre o asfalto quente, 30 graus de pura civilização, fazendo a fumaça branca subir pelos ares, formando desenhos tortos e sem sentido.


Estranhamente, o cheiro permanece. Como se tudo cheirasse a terra molhada, lembrando-nos que a terra construída nada mais é do que terra originária modificada.


Agora, a chuva cessa e o vento refresca o ambiente. O calor infernal de há poucos segundos se abranda lentamente, deixando espaço para que a respiração volte a funcionar com perfeição.


E voltando a respirar, percebo ainda mais forte o cheiro de terra molhada, inundando-me por inteiro, como numa verdadeira tempestade tropical.




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