25 de março de 2013

O Dia Que Não Terminou


Paralisado por final
No cinzento campo aberto.
Num colapso cerebral
Nas ruinas do deserto.

Olhos arregalados,
A pele se arrepia.
Olhos falantes, vidrados.
E ao seu redor tudo gira.

Paralisado pelo terror.
Um filme se passa,
Um filme de horror,
Um final em desgraça.

O fogo ajudou com a brasa
E agora está a cobrar,
Como quem constrói a casa
Só pra vê-la desabar.

A vida valendo ouro,
Negro ouro, doce vida
Enxergue, estático olho,
Procure por uma saída.
No final, uma emboscada.
E a vida valendo nada.

Morre o peão,
Morre o guerreiro.
Pela nação
No tabuleiro.

Fim de jogo, afinal
Fim de uma era.
Parecia normal
A rotineira guerra.
O olho de vidro não acredita.
Paralisado, de terror grita.

Silêncio e nada mais,
O eco se esconde.
É tarde demais,
Nem o deserto responde.
Hoje é o dia que durará para sempre,
Só restam escombros de uma civilização doente.

Sonhos, pelo caminho deixou.
E se houve esperança,
Morreu ao esperar o findar do dia
Aquele que não terminou

5 comentários:

  1. Ler este poema como ver uma jornada da vida em seu começo e fim (ou um exemplo de como pode ser) muito bem detalhado e em versos muito bem escolhidos.
    Eu me senti parte do poema. É como ver aqueles poemas que te dão um soco na cara e fazem seu canino voar longe. Mas é aquela dor que não se sente por completo no ato da quebra. É aquela dor que percebe que você vem se acostumando por toda a sua vida até fazer parte da sua rotina.
    Obrigado por revidar o soco que te dei em meu último poema.

    Ideais não morrem. Apenas entram em estado de hibernação para evoluírem em outra ocasião.

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  2. Quem me dera se todos interpretassem tão bem um poema.
    Troquemos, então, socos e mais socos até que alguém se canse de ver isso e resolva interferir. Talvez assim, ao menos leve um gancho bem dado.
    Talvez só assim evitemos que o dia não termine.

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  3. Então...

    Eu ia escrever uma coisa aqui, mas relendo a última frase do Jéfferson no comentário, eu acho que ela acaba ilustrando o que eu ia dizer.

    De todo jeito, é o seguinte:

    Eu vi nesse seu poema um tanto de referências a outros textos escritos aqui no blog. Textos seu, do Jéfferson e meu. Por exemplo: a parte dos sonhos deixados pelo caminho me lembrou um de seus textos que eu mesma comentei sobre essa questão dos sonhos; A referência aos jogos me lembrou um poema do Jéfferson, que fala justamente sobre fim de jogo e não haver saída para as coisas. Já o "colapso cerebral" e "nem o deserto responde" me lembraram meu próprio último poema, em que falo sobre algumas sensações poeticamente semelhantes.

    Não creio ter entendido o seu poema da mesma maneira que você pretendia ao escrevê-lo, ou do jeito que o Jéfferson provavelmente entendeu, mas o fato de que "Ideais não morrem. Apenas entram em estado de hibernação para evoluírem em outra ocasião" ilustra exatamente a sensação que tive ao ler seu belo poema.

    E gostei muito do que senti, btw.

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  4. Dessa vez não vou destrinchar meu texto, mas é mais uma vez sinal de que não foi bem escrito. Okay :|. Hehe.
    Esse sentimento que teve, não sei se foi o mesmo com o qual escrevi. Se for, posso afirmar que, hora ou outra, nos deixa muito putos. E gosto disso.

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    1. Kkk,que bobagem. Adorei seu poema.

      Eu quis dizer é que provavelmente suas palavras tenham um significado mais pessoal e compreensível (nesse sentido)para vc e o Jéfferson.

      Ainda assim, gosto das minhas interpretaçõoes pessoais dos seus textos, hehe.

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